SORRIA PARA O MEDO

                                                                            
 Alguns trechos do livro de autoria de Chogyan Trungpa

“Em sua vida pessoal você poder ser o soberano. Na sociedade do guerreiro, você é parte integrante de todo o mandala.

No processo de fazer surgir o cavalo de vento, o passo seguinte é contemplar o Sol do Grande Leste. Assumir nosso lugar no mundo produz um efeito quase físico. Uma grande quantidade de energia é gerada, e você começa a sentir que praticamente é o Sol do Grande Leste. Você tem uma sensação de brilho e resplendor. É uma experiência próxima ao sublime. Pode ser longa ou levar um instante. Ao sentir isso, você deve apenas tocá-la. Tocar a energia, não entregar-se a e ela nem exagerá-la. Apenas tocar”.

“O que estamos invocando é um cavalo de vento, que é um tipo especial de cavalo. Cavalos são animais maravilhosos. Qualquer escultura de um cavalo é um símbolo sagrado. Os cavalos representam os sonhos selvagens sobre os quais os seres humanos gostariam de ter domínio. O desejo de capturar um animal selvagem ou de capturar o vento, uma nuvem, o céu – tudo isso é representado pela imagem do cavalo. Se você deseja passear pelas montanhas ou dançar com as cachoeiras, tudo isso está incorporado no simbolismo do cavalo. O físico do cavalo – pescoço, orelhas, cara dorso, músculos, cascos, rabo- é a imagem idealizada de algo romântico, algo cheio de energia, algo selvagem que gostaríamos de dominar. Aqui, o cavalo é usado como analogia para essa energia e todos esses sonhos”.

“ Na tradição de Shambhala, choramos muito porque nossos corações são muito delicados. E lutamos contra o sol poente porque sentimos que a bondade fundamental merece que se lute por ela, por assim dizer. Nossos obstáculos podem ser vencidos. Por isso, devemos chorar e lutar, sabendo que o choro do guerreiro é um tipo diferente de choro e que a batalha é um tipo diferente de batalha”.

“ A dor gera o caos, o medo e o ressentimento, e temos que superar isso. É uma lógica bem simples. Quando conseguimos superar o medo, descobrimos a alegria intrínseca, e passamos a ter menos ressentimento em relação ao mundo e a nós mesmos. Ao estar aqui de modo natural, temos menos ressentimento. Quando ficamos ressentidos, transportamo-nos para outro lugar, porque estamos preocupados com outra coisa. Ser um guerreiro é estar simplesmente aqui sem distração nem preocupação. E quando estamos aqui, ficamos alegres. Podemos sorrir para nosso medo.

Assim, a coragem não é o simples resultado de superar ou dominar o medo. Para o guerreiro, a coragem é um estado de ser positivo. É pleno de prazer, alegria e brilho nos olhos”

“Como um guerreiro sem agressividade, você é destemido e bom. Basicamente, você é incapaz de cometer um erro, então por favor,  alegre-se. Mesmo na maior escuridão de uma época de trevas, sempre há luz. Essa luz vem com um sorriso, o sorriso de Shambhala, o sorriso da coragem, o sorriso de perceber o melhor do melhor do potencial humano. Todos os ensinamentos, o próprio sangue do coração de Shambhala são seus. Todos nós fazemos parte da mesma família humana. Vamos sorrir e chorar juntos”.

Livro: Sorria para o medo- o despertar do coração autêntico da coragem

Autor: Chogyam Trungpa

Editoria Gryphus, 2013, Rio de Janeiro

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