ERA DO EGOCENTRISMO
Por Martha Medeiros Outro dia acordei com uma espécie de ressaca existencial e o alívio não viria com um simples gole de Coca-Cola: o que estava me pesando não era excesso de álcool, nem de cigarros, nem de noitadas, e sim excesso de mim. Overdose da própria presença. Desde que nascemos somos condenados a um convívio inescapável com a gente mesmo. Quando penso na quantidade de tempo que estou presa a esta relação, fico pasma de como consegui suportar tamanho grude. Eu e eu, dia e noite, no único relacionamento que é verdadeiramente para sempre. Soy mi pareja perfecta. Somos um par. Só que, no meu caso, sou um par em conflito. Um eu que deseja fugir e outro que deseja ficar. Um eu que sofre e outro eu que disfarça. Um eu que pensa de uma forma e outro que discorda. Um eu que gosta de estar sozinho e outro eu que precisa amar. Nada de pareja perfecta, e sim caótica. Uma relação tranqüila consigo mesmo talvez passe pela conscientização de que não devemos dar tanto ouvido às nossas vozes i