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Mostrando postagens de junho, 2011

Quem é dono do Ar ?

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Texto de Roberto Gambini "Jung foi uma inspiração, um punhado de sementes espargidas por um forte vento sobre a vastidão do pensamento racional. Jung foi antes de mais nada uma atitude. Jung colocou a faceta que faltava no prisma da consciência. Seu legado, o conjunto de suas propostas e formulações, não é uma teoria timbrada com as insígnias da marca registrada. Pelo contrário: suas hipóteses de trabalho e suas descobertas foram uma dádiva para a cultura, foram sua resposta pessoal aos paradoxos da realidade, às incertezas do conhecimento e à dor e beleza da vida. Para sintetizar, eu diria, numa frase, que a quintessência de sua contribuição foi a propositura de um modo de ser e de pensar: aquilo que costuma ser chamado de "eu", " mundo exterior" ou "realidade" vai muito além do que percebe o olho. O convite foi feito para quem quisesse aceitá-lo:tentar pôr em prática uma observação cuidadosa, constante e progressiva das manif

O Bálsamo da simplicidade

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" A nossa vida é desperdiçada em detalhes.... Simplifique, simplifique", escreveu o pensador americando David Henry Thoreau. Renuncia envolve simplificar os nossos atos, a nossa fala e nossos pensamentos para livrar-se do supérf Simplificar as nossas atividades não significa mergulhar na preguiça, mas adquirir uma liberdade cada vez maior e combater o aspecto mais sútil da inércia - o impulso que nos leva a, mesmo sabendo o que realmente conta na vida, preferir nos envolver em mil atividades secundárias e triviais, uma após a outra Simplificar a fala significa diminuir o fluxo de palavras inúteis que saem de nossa boca. É acima de tudo, abster-se de dirigir aos outros observações negativas ou danosas, de lançar flechas que atingem o coração alheio. As conversações comuns, lamentava o eremita Patrul Rinpoche, são " ecos dos ecos". Não se trata de isolar-se em um silêncio arredio e desdenhoso, mas de tomar co

Tornar-se amigo do sonho

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James Hillman O sonho é um símbolo em si mesmo, isto é, ele reúne o consciente e o inconsciente, juntando incomensuráveis e opostos. De um lado está a natureza : conteúdos e processos psíquicos naturais, espontâneos, e objetivos que independem da vontade. De outro lado, a mente:palavras, imagens, sentimentos , padrões e estruturas. Trata-se de uma ordem sem sentido ou de uma desordem estruturada. Todas as noites o lado inconsciente da psique lança uma ponte. Todas as manhãs, quando por um momento ainda estamos no sonho, vivemos o símbolo e ficamos imersos nele, unidos em uma realidade existencial, como se tudo estivesse realmente acontecendo naquele momento. Esse estado, contudo, é difícil de ser mantido. A pressão do dia impulsiona o ego. O pólo consciente da psique solta o seu lado da ponte. Tropeçamos em nossos sonhos, e com bastante freqüência o fazemos para chutá-los para um canto. A atitude junguiana em relação ao sonho é muito bem expressa por um termo que eu

Estrelas à luz do dia

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Roda do Dharma Budista em Lhasa, capital do Tibet. Por Sogyal Rinpoche "A qualidade de vida no reino dos deuses pode parecer superior à nossa, mas os mestres nos dizem que a vida humana é infinitamente mais valiosa. Por quê? Devido ao preciso fato de que dispomos de consciência e inteligência, que são a matéria-prima da iluminação, e, porque o real sofrimento que permeia este reino humano é em si a espora da transformação espiritual. Dor, aflição, perda incessante frustração de todo o tipo acontecem com um propósito real e dramático: despertar-nos, tornar-nos capazes e quase forçar-nos a romper o ciclo do samsara e assim libertar nosso esplendor aprisionado. Todas as tradições espirituais enfatizaram que esta vida humana é única, e tem um potencial que geralmente não conseguimos nem mesmo começar a imaginar. Se perdermos a oportunidade que esta vida oferece de nos transformarmos, dizem os mestres, pode muito bem ser que passe um longo tempo antes que tenhamo