ECKHART TOLLE - BUDA



Por Eckhart Tolle

“A realidade duplicada no universo, que consiste em objetos e espaço – materialidade e imaterialidade-, é igual à nossa. Uma vida humana sadia, equilibrada e produtiva é uma dança entre as duas dimensões que constituem a realidade: forma e espaço. A maioria das pessoas se identifica tanto com a dimensão da forma, com as percepções sensoriais, com os pensamentos e com as emoções, que a parte oculta essencial quase desaparece da sua vida. A identificação com a forma as mantém presas ao ego.

Aquilo sobre o que pensamos a respeito, vamos, ouvimos, sentimos ou tocamos é apenas a metade da realidade, por assim dizer. É a forma. Nos ensinamentos de Jesus, isso é chamado simplesmente de  “o mundo” enquanto a outra dimensão é o reino do Céus ou vida eterna”.
Assim como o espaço permite que todas as coisas existam e assim como não poderia haver som sem silencio, nós não existiríamos sem a dimensão essencial se forma que é a nossa essência. Poderíamos chamá-la de “ Deus” caso essa palavra não estivesse tão desgastada pelo uso. Prefiro denominá-la Ser. O Ser á anterior à existência. A existência é forma, conteúdo, “ o que acontece”. A existência é o primeiro plano da vida, enquanto o Ser é uma espécie de pano de fundo.

A doença coletiva da humanidade é o fato de que as pessoas estarem tão absorvidas pelo que acontece, tão hipnotizadas pelo mundo das formas em constante mutação, tão mergulhadas no conteúdo da sua vida, que se esquecem da essência, daquilo que está além do conteúdo, da forma e do pensamento. Elas se encontram de tal maneira consumidas pelo tempo que esquecem a eternidade, que é a sua origem, seu lar, se destino. Eternidade é viver a realidade de quem nós somos.

Anos atrás, quando estive na China, visitei um monumento no alto de uma montanha próxima a Guilin. Nele havia uma inscrição gravada com ouro. Perguntei ao guia chinês o que estava escrito ali.
-Está escrito “Buda”- disse ele.
- Por que há dois ideogramas gravados em vez de um? – quis saber.
-Um significa “ homem”. O outro significa “não”. E os dois juntos  significam “ Buda” – explicou.
Fiquei ali parado completamente perplexo. O ideograma correspondente a Buda já continha todo o ensinamento do mestre. E, para um bom entendedor, o segredo da vida. ali estão as duas dimensões que constituem a realidade – a materialidade e imaterialidade, forma e negação da forma -, o que é um reconhecimento de que a forma não é quem nós somos”.

Do livro: O despertar de uma nova consciência

Editora Sextante.

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