OS TIPOS PSICOLÓGICOS (1)


OS QUATRO TIPOS PSICOLÓGICOS
Por Tereza Kawall
O livro “ Tipos psicológicos” foi lançado no ano de 1921. No prólogo encontramos as palavras do próprio Jung:
“ Este livro é fruto de quase vinte anos de trabalho no campo de psicologia prática. Foi surgindo aos poucos no plano mental: às vezes,das inúmeras impressões e experiências que obtive na práxis psiquiátrica e no tratamento de doenças nervosas; outras vezes, do relacionamento com pessoas e de todas as classes sociais; de discussões pessoais com amigos e inimigos, e, finalmente, da crítica às minhas próprias idiossincrasias psicológicas”.
Segundo Jung, “toda maneira de ver é relativa e todo julgamento de um homem é limitado de antemão pelo seu tipo de personalidade”.

Na visão da psicologia analítica, a psique tem alguns modos básicos de funcionamento. Os conceitos junguianos de extroversão e introversão baseiam-se no movimento da libido em relação ao objeto. Por libido entenda-se que estamos falando da energia psíquica da pessoa como um todo. Na atitude extrovertida ela flui em direção ao objeto, e no caso da introversão, ela recua frente ao objeto. De um modo geral entendemos que:
As características marcantes do tipo introvertido são:
Primeiro pensa, depois age, hesitante em relação ao mundo
Mais voltado para a reflexão e a análise
Orientado por fatores internos
Tem uma postura reservada e questionadora
Prefere a comunicação escrita e ambientes calmos
Do tipo extrovertido são:
Impulso para a ação
Mais voltado para o mundo externo
É assertivo em relação ao objeto
É mais confiante, acessível e sociável
Não considera fatores subjetivos
Voltado para o agora

Nesse modo estrutural em que se percebe uma dualidade direcional psíquica, há também uma estrutura quaternária: as quatro funções da consciência, que mostram como a energia psíquica opera. São como os quatro pontos cardeais que a consciência dispõe para se organizar no mundo, e adaptar-se a ele.
São elas:
1. função sensação, que registra conscientemente fatos exteriores e interiores, de modo irracional; é atento aos detalhes do ambiente externo. Gosta dos prazeres dos sentidos, é pragmático, rotineiro.
2. função intuição, que indica a apreensão de potencialidades futuras; busca a inspiração criativa; desloca-se facilmente para o futuro, mudança ou inovação; percebe melhor o todo. É bom em projetos, tem um faro, um feeling, gosta de pesquisas, apóia idéias arrojadas. Dificuldade em concretizar.
3. função pensamento, por meio da qual o nosso ego conscientemente estabelece uma ordem lógica racional entre os objetos. Toma decisão baseada na causalidade lógica dos eventos; pode aparentar frieza em seu julgamento, valoriza o pensamento sobre o sentimento.
4. função sentimento, que seleciona hierarquias de valor para o mundo, de afeição ou rejeição pelo objeto.Sentimento aqui não é afeição, mas a dimensão valorativa das coisas, com juízos de valor, gostar ou não gostar. Valoriza o sentimento sobre a lógica , é sempre apaziguadora.
Cito Nise da Silveira em um breve resumo das funções da consciência:
“ A sensação contata a presença das coisas que nos cercam e é responsável pela adaptação do indivíduo à realidade objetiva.
O pensamento esclarece o que significam os objetos. Julga, classifica, discrimina uma coisa da outra. O sentimento faz a estimativa dos objetos. Decide o valor que têm para nós. Estabelece julgamentos como o pensamento mas a sua lógica é toda diferente. É a lógica do coração.
A intuição é uma percepção via inconsciente. É “a apreensão da atmosfera onde se movem os objetos; de onde vêm e qual o possível curso de seu desenvolvimento”.
Livro: “Jung, Vida e Obra”

Muito importante ressaltar que Jung, em sua enorme pesquisa sobre a tipologia humana sempre tomou o cuidado de nos alertar sobre o fato de sua classificação não deveria ser levada ao pé da letra, vale dizer, não era a única possível. Pessoas não devem ser rotuladas, e as tipologias não descrevem a personalidade de forma definitiva, é preciso considerar também o momento que o indivíduo está atravessando. E claro, que todos podemos mudar e desenvolver outras funções conforme o processo de individuação vai acontecendo ao longo da vida. Jung mesmo dizia que passaremos pelo oposto de nossas intenções em nome da nossa totalidade!!
Desenho: M.C. Escher, 1922

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