"O herói simboliza o elã evolutivo
( o desejo essencial), a situação conflitante da psique humana agitada pelo
combate contra os monstros da perversão. O herói é também ornado com os
atributos do Sol, cuja luz e calor triunfaram das trevas e do frio da morte. O
apelo do herói, segundo Bergson ( Les deux sources da la morale et de la
religion), está no cerne da moral aberta e, no campo espiritual, o motor da
evolução criadora. C.G. Jung, nos símbolos da libido, identificará o herói com
o poder do espírito. A primeira vitória do herói é a que ea conquista sobre si
mesmo".
Fonte: Dicionário de Símbolos,
Jean Chavalier e Alain Gheerbrant; José Olympio Editora, 1997.
Arte: Hércules e a Hidra de Lerna.
Prof Jung: “O perigo de ser
tragado pelo dragão poderia significar o perigo de ser devorado pelo
inconsciente. Mas que quer dizer ser devorado pelo inconsciente? Que acontece,
então/ O sujeito fica doido, inconsciente e desorientado, e perde todo o
contato consigo mesmo e com o mundo circundante. É evidentemente, uma grande
ameaça. No entanto, o nosso paciente, é, não falando da sua neurose, muito
normal, havendo pouca probabilidade de endoidecer. Tempos, portanto, de
procurar outra coisa. Que outra possibilidade haverá ainda?”
Resposta de um ouvinte: “ O
monstro poderia, junto aos perigos que encarna, ser também uma grande fonte de
cura.”
Prof Jung: “ Sim, é isso, o
dragão é ao mesmo tempo uma possibilidade de cura, uma possibilidade de
renascimento. Quando um indivíduo é devorado por um dragão, não há nesse caso
apenas um acontecimento negativo. Se é um herói autêntico, penetra no estômago
do monstro. A mitologia nos diz que o herói entra com a sua embarcação e a sua
arma no estomago d baleia. Aí, esforça-se
com os destroços do seu esquife por romper as paredes estomacais. Fica
mergulhado em profunda obscuridade e o calor é tal que perde os cabelos. Depois
ateia fogo no interior do monstro e procura atingir um órgão vital, o coração ou o fígado, que
corta com a espada. Durante essas aventuras, a baleia nadou nos mares do
ocidente para o oriente, onde dá à costa, morta, numa praia. Em face disso, o
herói rompe o ventre da baleia, e sai, como um recém-nascido, para a luz do
dia.
Ainda não é tudo: não é ele só a
abandonar a baleia, em cujas entranhas encontrou os pais falecidos, os
espíritos ancestrais, assim como os rebanhos que pertenciam à sua família. O
herói conduz todos para a luz. Isto é para todos um restabelecimento, uma
renovação perfeita da natureza. Tal é conteúdo do mito da baleia ou do dragão.
... “É esse o tema mítico do
renascimento, da ressurreição, objeto de todos os mistérios, tanto primitivos
como cristãos”.
C. G. Jung, em “O homem à
descoberta da sua alma”. Livraria Tavares Martins, 1975.
Desenho de JUNG, em seu livro Red Book.
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