MITO DE PROMETEU (1)


Mito de Prometeu

Tereza Kawall

Na mitologia grega, os titãs eram gigantes que pertenceram às primeiras gerações das divindades da antiga Grécia.
Prometeu era um deles, filho do também titã Jápeto e da oceânida Clímene.
Seu nome significa “o que vê à frente”, ou o “previdente”. Tinha um irmão, Epimeteu, cujo nome significa “o que vê depois”, ou “o descuidado”. Um pensava antes de agir e era um estrategista, o outro agia antes de pensar, desfrutava o presente, era desprovido de reflexão.
Prometeu, por ter o dom da antecipação, sabia do resultado da grande batalha de Zeus contra seu pai Cronos, e oportunamente tornou-se seu aliado, orientando-o nas estratégias para vencer a guerra. Também ajudou Zeus durante o nascimento da filha Atena, que depois de dores terríveis saiu pela cabeça de seu pai. A deusa Atena, divindade ligada às estratégias da guerra, em agradecimento ensinou a Prometeu astronomia, matemática, arquitetura, navegação e outras artes.
Assim ele também passou a ensinar aos homens o que havia aprendido. Ao mesmo tempo, idealista e pretensioso, trabalhava para elevar o ser humano acima das origens instintivas, pois seu intuito seria torná-lo mais e mais semelhante aos deuses.

Inquieto, Prometeu torturava-se com a injustiça que percebia ao seu redor: por que só os deuses tinham o monopólio do conhecimento? Por que os homens deveriam contentar-se em viver eternamente dependentes dos poderes e dádivas divinas? Decidido a solucionar essa questão, Prometeu enganou Zeus. Num ritual de sacrifício, ele mata um boi enorme que foi dividido em duas partes: a primeira tinha as carnes cobertas pelo couro do animal e a segunda tinha apenas os ossos cobertos com a gordura do boi. Zeus, levado pelas aparências, escolheu a segunda parte, mas ao perceber que fora enganado tem um ataque de cólera contra o titã. Seu castigo não se fez esperar: privou os homens do fogo, gritando: “Deixe que eles (homens) comam a carne crua!”

Prometeu entrou imediatamente em ação. Com a ajuda e proteção de Atena, subiu ao Olimpo, a sagrada moradia dos deuses, acendeu uma tocha, tirando dela um pedaço de carvão em brasa, escondendo-o depois no tronco de uma árvore. A seguir, fugiu rapidamente para a terra com a chama sagrada, que entregou aos mortais.
Ao saber do roubo do fogo, e novamente enganado, Júpiter aplicou em Prometeu um duro castigo. O titã foi acorrentado por Hefaistos, o deus ferreiro (para os romanos, Vulcano) a uma pilastra no monte Cáucaso, nos confins orientais do mundo. Como se não bastasse, uma águia enviada por Zeus diariamente devorava o seu fígado, e este voltava a crescer durante a noite. O flagelo continuaria assim, mês após mês, ano após ano, por toda a eternidade.

Implacável, Zeus também castigou duramente também os homens. Ordenou a seu filho Hefaistos que modelasse uma mulher em argila, que deveria ser bela e irresistível. Os quatro ventos sopraram a vida dentro dela e todos os deuses olímpicos a enfeitaram. Recebeu de Hermes o dom da palavra, a sensualidade de Afrodite, e o nome de Pandora, que significa “o presente de todos os deuses”. Foi enviada imediatamente a Epimeteu, que já havia sido avisado pelo previdente irmão para não receber nada que viesse de Zeus. Mas, irrefletido e impulsivo que era, não só se deixou encantar, mas também se casou com ela.

Pandora trouxera consigo uma linda caixa, que seria o presente nupcial enviado pelos deuses. Na caixa estavam encerrados todos os males do mundo. Ao ser aberta pelo noivo, saiu da caixa, em forma de nuvem, toda sorte de pragas e calamidades, que atacou toda a humanidade com doenças, velhice, os vícios, os medos, a inveja, os horrores das guerras, a depressão, a solidão.
Apavorado, Epimeteu fechou a caixa, e lá no fundo ficou apenas a Esperança. E foi ela que impediu a humanidade de se destruir completamente.
Tempos depois, com a anuência do próprio Zeus, Hércules matou a águia e libertou o audacioso Prometeu. Mas é preciso lembrar: o titã nunca se arrependeu de seus feitos e nem de ter sacrificado sua própria liberdade em benefício dos homens.

Estas foram as punições de Zeus à humanidade e Prometeu em retaliação pelo roubo do fogo dos deuses. Na Grécia antiga, o mais grave pecado dos mortais era a hybris, ou o “descomedimento”, ou seja, a ousadia de enfrentar ou enganar os deuses e que acarretavam esses castigos.

Arte: Prometeu roubando o fogo de Zeus.




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