Boas surpresas!
“ As conseqüências do avanço científico e neurotecnológico são de fato imprevisíveis. O poder que o progresso técnico confere é como um avião a jato - pode ser usado para aumentar a liberdade e o bem estar ou para a realização de atentados terroristas e o bombardeio de civis indefesos. O avanço dos meios é patente, mas e os fins?
Nenhum sistema sócio-economico, salto tecnológico, descoberta científica, dogma religioso ou pacote ideológico resolverá os nossos problemas por nós. A questão fundamental que temos pela frente é de ordem ética. A velha pergunta socrática - como viver- nunca foi mais urgente.
O saldo do século XX, estamos de acordo, não foi nada animador. Mas a esquisitice do ser humano é tamanha que dela se pode esperar qualquer coisa, inclusive – porque não?- boas surpresas.
Quem sabe a banalização da felicidade não leve os homens se darem conta de que, nesta vida, nada é tudo, nem mesmo a felicidade? Foi graças ao sofrimento e à dor que o animal humano adquiriu a autoconsciência. É a consciência do sofrimento e do júbilo compartilhados que nos une e nos vincula uns aos outros.
A dor e o mistério de existir são prerrogativas das quais a humanidade jamais consentirá em abrir mão. A magia e o encanto da existência - estar vivo e viver entre os vivos - se renovam nessas fontes.
O absurdo e a inquietude têm suas compensações”.
Nenhum sistema sócio-economico, salto tecnológico, descoberta científica, dogma religioso ou pacote ideológico resolverá os nossos problemas por nós. A questão fundamental que temos pela frente é de ordem ética. A velha pergunta socrática - como viver- nunca foi mais urgente.
O saldo do século XX, estamos de acordo, não foi nada animador. Mas a esquisitice do ser humano é tamanha que dela se pode esperar qualquer coisa, inclusive – porque não?- boas surpresas.
Quem sabe a banalização da felicidade não leve os homens se darem conta de que, nesta vida, nada é tudo, nem mesmo a felicidade? Foi graças ao sofrimento e à dor que o animal humano adquiriu a autoconsciência. É a consciência do sofrimento e do júbilo compartilhados que nos une e nos vincula uns aos outros.
A dor e o mistério de existir são prerrogativas das quais a humanidade jamais consentirá em abrir mão. A magia e o encanto da existência - estar vivo e viver entre os vivos - se renovam nessas fontes.
O absurdo e a inquietude têm suas compensações”.
Eduardo Gianetti
do livro: Felicidade
Companhia das Letras, SP.
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