O Jardim da Fé


Clarissa Pinkola Estés

Sei que aqueles que sob certos aspectos e por algum tempo estão afastados da crença na própria vida acabam sendo os que perceberão que o Éden está por baixo do campo nú, que as sementes novas vão primeiro para os lugares vazios - mesmo quando esse local é um coração de luto, uma mente torturada ou um espírito devastado.

Qual é esse processo do espírito e da semente , cheio de fé, que toca o solo nu e o torna rico de novo? Não tenho a resposta completa. Só sei o seguinte: aquilo a que dedicamos nossos dias pode ser o mínimo do que fazemos, se não compreendermos também que algo espera que a gente abra espaço para ele, algo que paira perto de nós, algo que ama, e que espera que o terreno certo seja preparado para que ele possa se revelar.

Estou certa de que, enquanto estivermos aos cuidados dessa força de fé, aquilo que pareceu morto não estará morto, aquilo que pareceu perdido também não estará mais perdido, aquilo que alguns alegaram ser impossível tornou-se nitidamente possível, e a terra que está sem cultivo apenas está descansando - à espera de que a semente venturosa chegue com o vento, com todas as bençãos de Deus. (*)

E ela chegará.

*= Ruach é o vento hebreu da sabedoria, que une os humanos a Deus. Ruach é o alento de Deus que se estende até a terra para despertar e voltar a despertar almas.

Extraído do livro: O Jardineiro que tinha fé
Editora Rocco, 1996

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