O MAL NA NATUREZA HUMANA



"Se entendemos então que o mal habita a natureza humana independentemente de nossa vontade e que ele não pode ser evitado, o mal entra na cena psicológica como o lado oposto e inevitável do bem.
Essa compreensão nos leva de imediato ao dualismo que, de maneira inconsciente, se encontra prefigurado na cisão política do mundo e na dissociação do homem moderno. O dualismo não advém da compreensão. Nós é que nos encontramos diante de um estado dissociado. Todavia, seria extremamente difícil pensar que teríamos que assumir pessoalmente esta culpa.
 Assim, preferimos localizar o mal em alguns criminosos isolados ou em um grupo, lavando as próprias mãos, e ignorando a propensão geral para o mal. A inocência, porém, a longo prazo não será capaz de se manter porque, como nos mostra a experiência, a origem do mal está no próprio homem e não constitui um princípio metafísico como supõe a visão cristã. Esta visão possui a vantagem de retirar esta dura responsabilidade da consciência moral humana, descolando-a para o diabo a partir do justo entendimento que o homem é bem mais uma vítima da sua constituição psíquica do que o seu voluntário criador. 
Considerando que o mal em nossa época lança tudo que já atormentou a humanidade num mar de sombras, torna-se, de fato, necessário levantar a questão de sua origem e seu modo de ser na medida em que, mesmo nos progressos mais benéficos feitos pela aplicação do poder legal, da medicina e da técnica, os homens se valem de instrumentos de destruição impressionantes, capazes de culminar de uma hora para outra na sua destruição total."
Carl Jung, Presente e Futuro, pp.573, pág. 45. Editora Vozes, Petrópolis - RJ, 1988.

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