VON FRANZ, COLABORADORA DE JUNG
Marie-Louise von Franz a grande
colaboradora de JUNG
Ele não poderia ter terminado de
escrever tantos textos em relativamente tão pouco tempo sem Marie-Louise von
Franz, que se tornou sua mais dedicada colaboradora nos últimos anos da guerra.
Pesquisadora extremamente diligente, ela seguia trilhas vagas por todas as
bibliotecas e livrarias de livros antigos na Europa, desenterrando textos
alquímicos raros que permaneceram séculos sem uso.
Para colocá-los num contexto
histórico, investigou a história e a biografia dos autores, esse dedicado
trabalho de detetive que levou a novos autores e textos que, de outro modo
poderiam ter escapado a Jung. Ela estudou para tornar-se especialista na
decifração de latim medieval esotérico escrito à mão, e depois traduzia os
textos obscuros para o alemão contemporâneo, fazendo com que Jung economizasse
anos de trabalho. Como observadora de primeira mão do trabalho dele,
Marie-Louise estava em posição única para descrever o que aconteceu aos textos
quando a alquimia se tornou seu interesse principal.
O método usual de Jung era
a “ circularidade”, rondar em torno de um assunto, desviar-se para digressões e
pular de um tópico aparentemente não relacionado para outro, antes de
subitamente voltar a centrar-se sobre o tema principal. Os leitores o acusavam
de não se capaz de expressar suas idéias com ordem, clareza e precisão, mas
Marie-Louise argumentou que ele fazia isso ‘ de propósito”:
"Ele escreve com uma atitude
dupla, fazendo justiça plena aos paradoxos do inconsciente. Descreve os
fenômenos psíquicos a partir de um ponto de vista empírico. Buda uma vez disse
que tudo o que ele falava era para compreendido em dois níveis, e os textos de
Jung também têm esse duplo patamar, esses dois níveis”. Pag 156; 157
“ Todos esses escritos, por todos
os homens citados acima e outros não mencionados aqui, dão um insght quanto ao desenvolvimentos das
idéias maduras de Jung e à maneira pela qual ele subseqüentemente as expressou.
A palavra “ homem” é usada deliberadamente, porque só houve uma mulher cujo
brilho intelectual Jung respeitasse: Marie-Louise von Franz.
Ele achava Jolande
Jacobi, autora de respeitado livro publicado pela primeira vez em 1942, e ainda
em catálogo hoje, The Psychology of C.G. Jung apenas sua explicadora oficial, a
melhor explicadora da sua psicologia. Toni Wolff raramente escrevia, e Linda
Fierz-David e Barbara Hannah eram talentos menores simplesmente porque não
possuíam o conhecimento enciclopédico de
Von Franz.
Ela era uma mulher brilhante,
cujos pensamentos e textos sempre começavam com seu invariável apoio às idéias
de Jung; uma mulher que usava a sua inteligência feroz para se posicionar
cuidadosamente como a explicadora oficial de sua psicologia, o que ela
realmente se tornou depois da morte de Jung.
Em retrospecto, todas essas
relações – fracassadas ou não – enriqueceram o pensamento de Jung e alargaram
sua perspectiva, mesmo que um fato permaneça claro: com a exceção de Pauli,
cujas correções aceitou só porque não tinha conhecimentos de física quântica,
Jung se manteve firme em seus “ conceitos”, “idéias” e “ descobertas”, e nunca
se rendeu diante de outra autoridade. Todas as “ teses”, “ sistemas” ou
“teorias” surgidas em seus textos eram primeiro e principalmente seus”. Pagina
257
Jung – uma biografia, Volume 2,
por Deirdre Bair, Editora Globo.
Comentários