MARTE E A MITOLOGIA


Por Tereza Kawall

Na antiga Grécia, Ares era o deus das guerras, filho de Zeus e Hera.
 Embora tivesse sua ascendência direta com deuses olímpicos, esta divindade ocupava um lugar secundário no panteão grego. Colérico, brutal e agressivo, Ares tinha dois escudeiros que o acompanhavam todo o tempo , inclusive nos campos de batalha: Deimos ( terror) e Phobos( medo).
 Posteriormente esses forma os nomes dados às atuais luas de Marte.) tinha o deus mais dois acompanhantes, que eram Eris ( discórdia) e Enyo ( o destruidor das cidades).
 Ares não era muito admirado pelos gregos, seus papel se restringia a guerrear simplesmente. Assim estava mais relacionado à coragem cega, o ódio, a crueldade. Apesar de sua tremenda força física, Ares acabava por perder muitas batalhas, tendo que se retirar humilhado e vencido.
 Entre ele e sua irmã, Palas Atena, filha de Zeus, havia uma rivalidade profética. Palas Atena representava a inteligência e acabava vencendo as batalhas pois era o símbolo da justiça e das estratégias de guerra, sempre por causas mais elevadas. Na verdade era a deusa preferida dos heróis gregos que invocavam sua presença para auxiliá-los na guerras. Na mitologia da antiga Grécia, Ares tinha o seu equivalente romano, Marte. 

Nesta cultura, ele veio a ter muito mais poderes e importância, ocupando uma posição mais elevada que Jupiter. A origem do nome Marte pode vir da raiz mas , que significa a “ força geradora” ou da raiz mar , que significa brilhar. Marte era também chamado de Marte Gradivus, da palavra grandiri, que significa ‘ tornar-se grande”, crescer.
 Acreditava-se que Marte era pai de Rômulo e Remo, os fundadores de Roma, dando assim à Marte o status de fundador da república romana. 
Além de ser o deus da guerra, era cultuado como o deus da agricultura, da primavera e da vegetação, sempre relacionado à fertilidade, ao crescimento e ao vir a ser. O Marte romano tinha dois acompanhantes com significados diferentes: Honor( honra) e Virtus( virtude). 

Os romanos acreditavam que seu destino e finalidade como povo era honroso e virtuosos, ou seja o de governar o mundo. O militarismo, o espírito de conquista estavam profundamente arraigados na cultura romana e muito ligados a figura de Marte. Esta civilização, como todos sabem, ficou conhecida por seu notável império, suas batalhas, poder bélico e por sua capacidade de dominar, qualidades essenciais de Marte tanto do ponto de vista mitológico quando astrológico.

È muito interessante lembrar que o premiado filme “ Gladiador”, retrata de forma muito expressiva o arquétipo do Marte romano. A cena da batalha inicial já nos mostra essa energia: bolas de fogo cruzam o céu, florestas ardem em chamas, o sangue jorra por entre as armaduras dos soldados feridos ou mortos por espadas. Nesta forte cena ouvimos as palavras do seu general Maximus, protagonizado pelo ariano Russel Crowe: “ Liberem o inferno”.
 Ele representa a essência deste símbolo, o soldado viril, leal, e corajoso, com energia fogosa ousada e instintiva. Em sua saga heróica, ele passa de general a escravo, a lutador, a gladiador e ao final volta a ser general vitorioso e aclamado por Roma, defendendo com honra e coragem seu imperador e seus princípios até a morte.

Os heróis de muitas mitologias são a personificação da força arquetípica de Ares/Marte.
 O herói é aquele de deve sair pelo mundo, vencer seus inimigos para poder sobreviver, que terá que matar os dragões, atravessar florestas ou oceanos, enfrentar monstros ou dificuldades aparentemente intransponíveis. Poderá ou não encontrar o amor, mas voltará ao seu lugar de origem, mais sábio e transformado por suas incríveis experiências.

 Marte não foi muito feliz nas questões de amor. 

Conta o mito que Afrodite, que era casada com Hefesto, teve inúmeros amantes, entre eles Marte. Ao entardecer os dois se encontravam às escondidas e , para não serem descobertos em seus jogos de amor, traziam consigo um menino chamado Alectryon. Este ficava na porta como sentinela, e os avisava quando o dia estava amanhecendo.

 Contudo, numa noite fatal, o vigia dormiu. E o casal foi surpreendido por Hélios, o Sol, aquele que tudo vê, que se apressou em avisar o marido traído. 
Hefesto, o deus da forja, muitíssimo irado, teceu uma rede invisível de ouro e nela prendeu Vênus e seu rival, que ainda estavam no leito. Não satisfeito com isso, chamou todos os deuses para que contemplassem o terrível adultério, acreditando que eles iriam ficar escandalizados. 

No entanto, todos se divertiram muito com a cena toda e até deram uma gargalhada tão sonora que a abóbada celeste chegou a oscilar.
 Livre da armadilha, Afrodite, envergonhada, foi para Chipre e Marte foi para a Trácia. Alectryon também foi castigado: transformaram-no em galo e assim ele foi obrigado eternamente a cantar todas as madrugadas para avisar a chegada do sol.

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