LIZ GREENE E A DEPRESSÃO




“A alquimia, a escuridão e desintegração que vão tomando conta e envolvem o imaginário da caveira, ou “ crânio”, são chamadas de nigredo. Este estágio do processo alquímico reflete o rompimento da velha substancia em seus componentes essenciais. Sem nigredo não há a possibilidade de a velha substância básica ser transformada, pois primeiramente ela tem de ser revelada, limpa e reduzida à sua essência; e isso não pode ser realizado se a decadência ou a morte. Sem a nigredo não há a possibilidade de que algo novo cresça....


Portanto a nigredo da alquimia é uma imagem de uma fase específica do processo alquímico, que é, em sua inteira realidade, uma descrição do desenvolvimento e da transformação psicológicas.

Ela reflete os problemas de ser apanhado n a experiência da mortalidade e do mundo mais escuro da sombra. Muitas vezes essa fase, quando experimentada por um adulto, é uma espécie de regressão a fase da infância, em que o ego maduro destrói todos os sentimentos primitivos e infantis que vêm borbulhando à superfície. O termo “sombra” é muito amplo, e pode cobrir um numero de dimensões da experiência – nossa fraqueza, nossa inferioridade, nosso mal, nossa deformidade e cegueira, nosso primitivismo. Quem é você sem a sua máscara, sem a sua persona agradável? Por trás dela há a caveira. Podemos dizer que quem caiu na depressão não é mais capaz de usar a persona para esconder o que há´por baixo, o corpo mortal com todos os seus pecados e trevas”.


“O que vem depois da depressão? Esperançosamente, uma das coisas que acontecem é que o potencial individual e as aptidões do indivíduo que antes não podiam ser alcançadas se integram `a consciência e a vida. Habitualmente, isso inclui a capacidade de lidar com a separação e com a solidão, a qual o individuo pode ter previamente deixado de sentir. Fortalece-se o ego, o que significa a intensificação da auto-confiança, da auto-valorização e da fé na vida.

Por fim, há o desapego dos pais e o indivíduo pode viver, portanto, a própria vida sem ser levado, inconscientemente, no mínimo, pelo anseio de descobrir o pai ideal, e pelo terror de que sem aquele pai não se poderá sobreviver. Isso não parece muito, em termos de garantia de felicidade. Mas penso que é o que definimos como liberdade. Se obtivermos isso ao sairmos de uma depressão até muito longa, teremos recebido uma grande dádiva que valerá o preço que foi pago. Esse é o ouro alquímico de Saturno e Plutão, embora eles também sejam paradoxalmente, os planetas que parecem refletir especialmente a propensão individual para começar, de resolver-se em tal estado sombrio.

Penso que os presentes dados por Saturno são muito visíveis neste contexto. Eles incluem uma aceitação verdadeiramente serena da realidade, um reconhecimento imparcial dos próprios limites, e a capacidade de aceitar as próprias experiências difíceis sem ser derrotado por elas. Saturno providencia o elemento Terra e, e muitas vezes, um melhor relacionamento com o corpo surge quando se sai da depressão. A riqueza de Plutão parece estar relacionada com a capacidade de enfrentar a própria sombra, de aceitar o destino , de desistir da tentativa de controlar a vida, e de confiar que aquele Ouro interior invisível desenvolva nosso caminho na vida a despeito de nós mesmos. Torna-se possível viver abraçando a vida com maior plenitude, porque não existe mais o medo do que ela possa fazer. Esse é os significado psicológico do simbolismo da alquimia – que da nigredo surge o elixir, o ouro indestrutível".



Do livro: A dinâmica do inconsciente – Seminários de Astrologia Psicológica

Autores: Liz Greende Howard Sasportas

Editora Pensamento

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