MEDITAÇÃO E AUTO CONHECIMENTO


ENTREVISTA COM D. LAURENCE FREEMAN
Pergunta:
Falando mais especificamente dos momentos de ação, uma questão que angustia muitas pessoas é a falta de sentido  prazer em relação à sua atividade profissional. De que forma o trabalho interior pode ajudar a trazer significado para o trabalho exterior?
Resposta
O trabalho interior é a própria base de um trabalho exterior com significado. Na história de Marta, por exemplo, Jesus não está negando a necessidade do trabalho e do serviço aos outros. O que ele está dizendo é que a experiencia de " ser" vem antes da de " fazer". O trabalho que perde a conexão com a quietude interior facilmente degenera em uma mera atividade egóica. E quando o ego está no comando, qualquer profissão se transforma em algo como " meu" trabalho , " meu" projeto, ' minha" carreira. Com isso, nos esquecemos de que, seja que atividade for, é sempre um trbalho de Deus. A todo momento, temos que colocar o ego de volta em seu lugar, nos lembrar de que Deus é a força motriz de tudo o que fazemos.
E assim, como outras formas de trabalho interior, a meditação é uma grande aliada para nos conduzir a esse centro de quietude de onde parte toda e qualquer ação benéfica. Com a meditação, percebemos que várias ferramentas essenciais para o nosso desempenho profissional - como a capacidade de raciocínio, a memória:
Falando mais especificamente dos momentos de ação, uma questão que angustia muitas pessoas é a da falta de sentido e prazer em relação à sua atividade profissional. De que forma o trabalho interior pode ajudar a trazer significado para o trabalho exterior?
R: O trabalho interior é a própria base de um trabalho exterior com significado  Na história de Marta, por exemplo  Jesus não está negando a necessidade do trabalho e do serviço ao outro. O que ele está dizendo é que a experiencia de " ser" vem antes de " fazer". O trabalho que perde a conexão com a quietude interior facilmente degenera em uma mera atividade egóica. E quando o ego está no comando, qualquer profissão se transforma em algo como "meu' trabalho, " meu" projeto, ' minha" carreira. Com isso, nos esquecemos de que , seja que atividade for, temo que colocar o ego de volta em seu lugar, nos lembrar que Deus é a força motriz de tudo o que fazemos.

E assim, como outras formas de trabalho interior, a meditação é uma grande aliada para nos conduzir a esse aginação, entre outras - todas essas ferramentas estão melhor equipadas para as demandas da vida. de novo, voltamos ao significado da história de Marta, e a "única coisa necessária": o equilíbrio entre contemplação e ação a meditação não é um refugio para os problemas do mundo, mas uma forma direta de lidarmos mais sabiamente com eles.

P: Isso me lembra de algo que o senhor diz na prece de encerramento que compôs para os grupos de meditação: " Que todos aqueles que vêm aqui oprimidos pelos problemas da humanidade partam dando graças à maravilha da vida humana". Nesse sentido, como enxergar as dificuldades como experiencias que devemos agradecer?

R: NO início da epístola de Tiago, ele fala sobre isso, ao dizer que devemos dar graças a Deus ao encarar alguma dificuldade, pois, com essa dificuldade aprendemos a aprofundar a nossa fé e a expandir o nosso amor. Claro, quando estamos no meio de uma crise, dominados pela emoção, pela dor, é difícil ver isso. Ma chega uma hora em que nasce a certeza de que algum bem virá daquilo, sobretudo de temos o apoio dos outros. Esse apoio é essencial. Com ele, mesmo que em meio a maior provação, vamos adquirindo consciência de que, um dia, essa mesma situação nos auxiliará a ajudar os outros, a servir ao próximo.

Além disso, uma crise pode ser um  momento precioso, em que, por causa do sofrimento, sentimos uma ruptura em nosso percepção do mundo - dessa rachadura, surge uma nova maneira de enxergar a vida, que nos leva a uma busca espiritual mais profunda. como diz uma música de Leonard Cohen: " Há uma rachadura em todas as coisas, é assim que a luz penetra" Oscar Wilde também fala sobre isso: " Como pode, a não ser por um coração partido, o Senhor Cristo entrar"? É importante ter essa consciência  de que, mesmo em meio ao maior abatimento, a graça está presente.

P: Agora, uma coisa engraçada em relação as crises pessoais, é que muitas pessoas relatam que viviam sem problemas, sossegadas, até que o dia que iniciaram alguma prática de autoconhecimento, como meditação ou terapia, como se os problemas tivessem começado por causa dessas praticas. O que explica esse paradoxo?

R: O que acontece, nesses casos, é que a meditação ou a terapia retiram a repressão que sempre existiu  mas da qual a pessoa não se dava conta. Jesus disse: " Não há nada de oculto que não venha s ser revelado".Quando alguém começa um trabalho interior, aos poucos vai retirando essas forças de repressão.

... Psicologicamente falando, com qualquer prática de autoconhecimento, como a meditação, fazemos o trabalho de integrar o nosso lado sombra, e todos nós temos um. somos mais fortes, mais humanos, mais amorosos, quando nossos aspectos sombrios são reconhecidos. Caso contrário, somos controlados pelas coisas que reprimimos no inconsciente e passamos a vida sem saber por que agimos desta ou daquela maneira. Ou seja, a meditação torna consciente aquilo que está inconsciente, ela nos liberta e purifica, nos ajuda a ir jogando fora aquilo que estava encoberto e não nos serve para nada.

P: Já faz muitos ano que o senhor participa de eventos em prol do diálogo inter-religioso como Dalai Lama, com quem chegou a escrever o livro Dalai Lama fala em Jesus, em que ele analisa várias passagens de vida de Cristo sob a perspectiva do budismo. qual foi o insght mais inesperado que a análise do Dalai Lama lhe trouxe?

R:
Durante um seminário que conduzimos juntos, alguém lhe perguntoi: " Se o senhor pudesse fazer uma pergunta a Jesus, o que perguntaria?
Na hora, o Dalai Lama disse:  " Qual é a natureza  do Pai?"
Esse é uma pergunta muito perspicaz e mostra que ele de fato absorveu a essência dos Evangelhos, que viu para onde Jesus estava apontando.. E, o tempo todo, levantava questões, perguntava, não estava só trazendo respostas. O fato de todos no seminário meditarmos juntos, três vezes ao dia, também ajudou a criar um silencio e um momento de partilha, que fez o diálogo ainda mais enriquecedor, pois a essência de todo diálogo é saber ouvir as diferenças, e, também, as semelhanças para crescermos juntos na verdade. e essa foi a minha experiencia em todas as ocasiões em que estive com o Dalai Lama. Aprendi com o quão profundo o diálogo poder ir.

Quando compartilhamos pensamentos e experiências, não devemos tentar convencer ou doutrinar o outro. Nosso papel é espalhar a semente, e temos   que espalhar  a semente da melhor forma que  pudermos, não apenas ao léu.


Extraído do livro: PALAVRAS DE PODER
Entrevistas com grandes nomes da espiritualidade e do auto conhecimento no
Brasil e no mundo.
AUTOR: Lauro Henriques Junior
Editora: Leya

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