O HERÓI E A INDIVIDUAÇÃO





“A tarefa do herói consiste em combater o dragão da inércia a fim de destravar e liberar o fluxo da vida para o corpo do mundo, na direção de um lugar onde a vida secou, tornando-se uma vida estéril. Se recusamos o chamado para viver nossas próprias vidas, ficamos deprimidos sem vitalidade. O Sol simboliza a potência criativa; seus raios põem fogo no mundo, iluminam a escuridão primordial, espírito penetrando na matéria, tudo vai ganhando vida. O Sol nos liga com a força vital e bruta que existe em nós, oferecendo um canal para a sua manifestação um princípio universal superior que nos livra da dominação da natureza, liberta-nos das garras da vida instintiva.Assim, tornamo-nos recipientes para o poder fálico do Sol. O deus egípcio Atum penetra em sua criação, e o Faraó é chamado de os “ sol vivo”, o filho de Deus pelo qual o reino da eternidade penetra no tempo .



A meta da jornada do herói e nada menos do que a descoberta da imortalidade, que o alquimistas chamavam de “ Pedra Filosofal” ou “Lápis” a transformação do chumbo em ouro, o encontro do deus interior, de nosso centro criativo, do Self.

... Isso leva à descoberta de um novo centro psíquico, o Self de Jung, nossa verdadeira fonte, “como se um rio que tivesse ficado completamente poluído, alimentado por afluentes enlameados, encontrasse de súbito seu caminho de volta ao seu leito apropriado”.


Sermos indivíduos e vivermos nossas próprias vidas, no sentido do destino que nos foi confiado, significa superarmos conceitos infantis de onipotência, preferências pessoais, mágoas, ilusões acerca do bem e do mal, interesses do ego, compreendendo e aceitando a lei cósmica impessoal, desfrutando aqueles momentos em que vemos as coisas como realmente são, em vez de vermos como gostaríamos que fossem.


A posição do Sol no mapa natal mostra a área em que precisamos lutar com nossa existência mais predestinada, combater o dragão, o que significa desenvolver a nossa vontade e encontrar significado e propósito na vida.


...Esse é o processo de individuação de Jung, a descoberta do Self, e o Sol é o seu veículo. O Sol não é uma meta em si, nem uma garantia de que a meta será cumprida. É o centro da consciência, não da psique como um todo e abrange a vontade pessoal condicionada pelos desejos, apegos e considerações pessoais ou seja, nosso orgulho solar. Nas palavras de Joyce Cary. ‘ a vontade nunca é livre – está sempre ligada a um objetivo, um propósito”.


Portando, deve ser transcendida para podermos atingir uma situação de não-apego e de liberdade psíquica, além da dualidade e do interesse pessoal. Em muitas histórias do Herói, este não consegue dar esse passo, é incapaz de abrir mão de seu orgulho solar, sendo punido por isso".



Do livro: Imagens da psique

Christina Valentine

Editora Siciliano, SP.



“ O herói adentra o limiar da floresta sombria, onde ninguém ousava atravessar, ele enfrenta toda sorte de desafios simplesmente por casa de um impulso, um chamado interior para resolver algum problema pelo qual a comunidade está passando.O impulso do herói, e que deve ser o impulso de cada um de nós, não é a auto-gratificação, mas o serviço ao outro.


Pergunta: o que no fundo, deixa de ser um sacrifício, pois ele está seguindo o seu próprio chamado interior, a sua própria bem-aventurança, não é?


Isso mesmo, Você abraça a situação de bom grado, pois o impulso de ajudar o outro é algo que brota de sua essência mais verdadeira. E você também aprende a abraçar a incerteza diante do mistério a da existência. Joseph Campbell falava muito sobre o fato de que, na vida, estamos sempre em queda livre em direção ao futuro. Ninguém sabe o que virá pela frente. E a grande questão é esta: você pode enxergar essa situação como sendo uma coisa horrível, berrando desesperado enquanto cai em queda livre; ou pode acolher a situação de forma serena, como se usando uma asa-delta na descida e dizer: “ Ok, tudo bem”. Todo o quadro muda de figura, se, com consciência, você acolhe a incerteza diante da vida. Quando isso acontece você não precisa se apegar a nenhuma certeza pois você passa a não se identificar com a lâmpada que queima, e sim com a luz que flui através da lâmpada.


Todas as tradições falam sobre essa mudança de perspectiva. É uma mudança que não altera em nada a circunstancia em si, mas transforma o modo como você opta por participar na vida. Afinal, o que você quer: o sofrimento do mundo ou a participação jubilosa nos sofrimentos do mundo? A opção é sua.


Do livro: Palavras do poder

Lauro Henriques jr

Editora Leya

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