A MORTE COMO PASSAGEM
Foto: Paulo Kawall
" Os aspectos mais atrozes do sofrimento - miséria, a fome, os massacres- costumam ser menos visíveis nos países democráticos, onde o progresso material permitiu remediar alguns males que continuam a afligir os países pobres e politicamente instáveis.
Mas os habitantes deste " melhor dos mundos" parecem ter perdido a capacidade de aceitar os sofrimentos inevitáveis que são a doença e a morte.
É comum no Ocidente, considerar o sofrimento como uma anomalia, uma injustiça ou derrota.No Oriente ele é menos dramatizado e visto com muita coragem e tolerancia.
Na sociedade tibetana, não é raro ver pessoas fazendo brincadeiras junto à cabeceira de um morto, o que pareceria chocante no Ocidente. Isto não é sinal de falta de afeição, mas de compreensão de inelutabilidade de provações como essas, e também da certeza de quye existe um remédio interior para o tormento e a angústia de se encontrar sózinho.
Aos olhos de um ocidental, muito mais individualista, tudo o que perturba, ameaça e finalmente destrói o indivíduo constitui um mundo por si só.
No Oriente, onde prevalece uma visão mais holística do mundo e onde se dá uma importancia muito maior às relações entre todos os seres, bem como a crença em um continuun de consciência que renasce, a morte não é um aniquilamento, mas uma passagem".
Do livro:Felicidade: a prática do bem estar
Autor: Matthieu Ricard
Editora Palas Atena, SP
Comentários