Cuidar do outro
Cuidar do outro
“Uma outra motivação que se pode colocar na moldura das motivações interessadas: “ Se os seres vivos conhecessem os frutos da recompensa final da generosidade e das doações como eu os conheço, certamente eles não gostariam de cessar de doar aos outros, de partilhar com os outros até mesmo o último bocado de alimento”.
Buda toma o exemplo do alimento, mas podem-se acrescentar outras realidades: tudo o que eu possuo, se não o partilho, não posso saboreá-lo na sua essência. Posso ser feliz totalmente só. Mas menos bem; posso olhar uma paisagem completamente só, é evidente, mas eu a degustarei melhor, se estiver acompanhado da presença e do olhar do outro; posso viver sem você, mas talvez um pouco menos bem...
Alguém pode viver a sua própria libertação, trabalhando sobre si mesmo, mas viverá menos intensamente quando se fecha aos outros. O próprio Buda faz observar que esta abertura aos outros é uma das condições de nossa felicidade, de nosso progresso nessa vida e nas seguintes. Ele não faz apelo diretamente a esta qualidade interior de gratuidade, mas enumera um certo número de considerações para dizer até que ponto fazer o bem aos outros resulta em fazer o bem a si mesmo.
Amar seu próximo como a si mesmo é tratá-lo com se trata a si mesmo.Tratar o outro com a mesma atenção que temos para com nosso corpo não pode senão ser de proveito ao nosso próprio corpo - cuidar do outro é cuidar de um membro de si mesmo, é uma visão não egocêntrica, não fechada no “eu”.
Jean Yves Leloup
A Montanha no Oceano
Editora Vozes
“Uma outra motivação que se pode colocar na moldura das motivações interessadas: “ Se os seres vivos conhecessem os frutos da recompensa final da generosidade e das doações como eu os conheço, certamente eles não gostariam de cessar de doar aos outros, de partilhar com os outros até mesmo o último bocado de alimento”.
Buda toma o exemplo do alimento, mas podem-se acrescentar outras realidades: tudo o que eu possuo, se não o partilho, não posso saboreá-lo na sua essência. Posso ser feliz totalmente só. Mas menos bem; posso olhar uma paisagem completamente só, é evidente, mas eu a degustarei melhor, se estiver acompanhado da presença e do olhar do outro; posso viver sem você, mas talvez um pouco menos bem...
Alguém pode viver a sua própria libertação, trabalhando sobre si mesmo, mas viverá menos intensamente quando se fecha aos outros. O próprio Buda faz observar que esta abertura aos outros é uma das condições de nossa felicidade, de nosso progresso nessa vida e nas seguintes. Ele não faz apelo diretamente a esta qualidade interior de gratuidade, mas enumera um certo número de considerações para dizer até que ponto fazer o bem aos outros resulta em fazer o bem a si mesmo.
Amar seu próximo como a si mesmo é tratá-lo com se trata a si mesmo.Tratar o outro com a mesma atenção que temos para com nosso corpo não pode senão ser de proveito ao nosso próprio corpo - cuidar do outro é cuidar de um membro de si mesmo, é uma visão não egocêntrica, não fechada no “eu”.
Jean Yves Leloup
A Montanha no Oceano
Editora Vozes
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